A Filha do Norte

Resenha A Filha do Norte

Título: A Filha do Norte

Autora: Luisa Soresini

Editora: Talentos da Literatura Brasileira (selo Novo Século)

N° de Páginas: 496

Tudo começa quando Michelle e Meredith saem para ver as flores. Uma tempestade faz com que a bruxa perca Michelle de vista. A menina, desnorteada, sai em busca de ajuda e avista uma mansão enorme e antiga. Pensando que não mora ninguém na casa, Michelle entra no local para se abrigar e é surpreendida ao ser recebida por uma governanta tão sinistra quanto a casa, que a deixa com medo. Seu instinto lhe diz que há algo de errado, mas essa sensação passa quando entra na casa e se depara com um ambiente completamente diferente daquela fachada macabra que vira. O interior da mansão é maravilhoso, bonito e sofisticado, assim como os seus donos: os irmãos Vergamini.

O que Michelle não imagina é que às vezes é necessário ouvir nossos instintos. Ela está em perigo e talvez nem suas amigas, Elza e Meredith, as bruxas do Leste e do Sul, consigam salvá-la. 

Michelle é uma adolescente,  de aproximadamente 16 anos  e é daquelas pessoas que não ficam muito tempo em um lugar só. Ela  chega em uma cidade, procura trabalho, fica lá por um tempo e depois parte para uma nova jornada, afinal nada a impede de fazê-lo, inclusive ela tem até motivos para isso. Após perder a senhora que a acolheu durante tanto tempo, decide partir novamente, e é nessa jornada que ela descobre Mafaldi e encontra Elza e Meredith, duas bruxas que a acolhe também. Os dias se passam e elas ficam cada vez mais próximas, até que um dia Meredith e Michelle resolvem sair para ver algumas flores da Luna e se perdem. É aí que Michelle dá de cara com a mansão dos Vergaminis e todo o desenrolar da história acontece.

Desde a primeira página a escrita e narrativa da autora já me encantaram de uma maneira que sem dúvidas eu não imaginava que aconteceria ou que fosse ser possível.

Então, quanto mais páginas eu lia, mais querer ler para saber o que aconteceria naquela história. 

Os personagens então... Me apaixonei por eles, até mesmo pelos antagonistas, mas posso dizer que talvez nem Danton foi tão incrível quanto Christofer - sim, eu vou começar a resenha falando sobre meu personagem favorito - que, apesar de fazer parte do 'grupo do mal' era um dos mais fofos, sentimental, doce e altruísta.  O Senhor Sentimental, como é chamado no livro.
Christofer foi um personagem tão impressionante que eu me vi, em toda a leitura, torcendo para que ele e Michelle ficassem juntos. Mas quando o leitor se envolve com a história, percebe que  o foco dela não é o romance.

Em resumo, todos os personagens que a autora criou faz o leitor se apaixonar e, de forma nenhuma, odiá-los, mesmo que esse seja o intuito de alguns.

O único personagem do qual não me senti muito próxima - em todo o livro - foi Ethan, talvez por ele mesmo ser daqueles personagens que ficam  muito na deles e não gostam de se expor. A autora conseguiu mostrar bem essa parte da personalidade dele.

Uma das coisas que não entendi é: qual poder Danton tinha a mais que qualquer outro dos irmãos, até mesmo Christofer, por exemplo, tivesse tanto medo de enfrentá-lo, até porque o mesmo, era quase intocável - mesmo que para os irmãos, não fosse. Ou seja, todos os irmãos têm um medo quase sobrenatural de Danton - que é quase como um rei ali na mansão -  e fazem tudo de acordo com que Danton acredita ser certo, até que Michelle aparece na vida deles.

Durante a leitura percebi que Michelle entrara na vida dos irmãos para mudá-los, era como se esse fosse o objetivo dela desde o início. Desde o momento que eles decidem mantê-la como empregada, percebe-se que há algum motivo por trás disso. E então, quando o primeiro irmão a obriga a fazer algo e ela faz sem hesitar - deixando-o meio tocado com tudo... - Fica evidente que ela vai fazer o mesmo com os outros. E não é diferente, cena após cena vemos os irmãos a obrigando a fazer algo, ameaçando e ela simplesmente fazendo (quase que de bom grado) tudo aquilo. E os personagens mudam a forma de pensar e agir com ela, por conta disso. Ela os desafia, os ensina o melhor lado de cada ser (mesmo eles sendo os piores)... Michelle é mudança na vida dos Vergaminis, e simplesmente não consegue deixar de encantar quem está ao seu redor, mudando drasticamente todos os presentes.

Porém, infelizmente, em alguns trechos, senti falta de uma conversa mais 'masculina' da parte dos personagens. Com isso, ficou visível que o texto era escrito por uma mulher  e deixava os meninos ou mais sensíveis ou se parecendo muito com o que uma mulher diria. Nesses casos eu recomendo escrita em terceira pessoa. Esse foi o primeiro dos pontos negativos que anotei durante a leitura.

Apesar da escrita e história da autora serem contagiantes, de um pedaço do livro pra frente, pude perceber a repetição desnecessária de pronomes e nomes pessoais, o que deixou alguns momentos da leitura bem cansativos. Ainda mais para essa leitora que vos fala, que percebo bem esses detalhes. Uma dica a autora é que trabalhe nessas repetições para não se tornarem chatas e cansativas, o que deixa o texto mais pobre e o leitor   pode vir a abandonar o livro por conta disso. E esse foi o segundo ponto negativo, em minha opinião. 

Uma das coisas mais interessantes é que toda a vez que Michelle tem contato direto com um personagem, eles acabam se mostrando totalmente diferente do que eram quando relatados pela garota no início do livro. Eles são assim não só por conta da mudança que ela faz neles, mas também porque ela os conhece melhor ali, fazendo o leitor sentir o mesmo, se aproximar deles. E eu consegui me divertir muito com todos os personagens masculinos, nestes momentos "íntimos " com Michelle ( e principalmente durante as provocações dos irmãos).

Em suma, o livro é basicamente uma troca, onde Michelle ensina os irmãos a serem melhores e reconhecerem o que estão sentindo. Eles por sua vez, ensinam que ele deve se dar mais valor e pensar mais em si mesma.

Indico o livro, porque além de uma história excelente, uma narrativa que encanta logo de início, ainda tem personagens com um senso de humor incrível.

O que mais posso dizer? Que estou muito ansiosa para ler a continuação e, com certeza, muito esperançosa que todos esses pontos negativos que mencionei na resenha, tenham definitivamente sumido nesta continuação. 
E uma última novidade: aguardem, em breve sai post de Primeiras Impressões do volume dois, bem aqui.

Beijos.